'Fui eu, desculpa': Tyler Robinson confessou ter matado Charlie Kirk em troca de mensagens com colega de quarto; leia a conversa

Assassino do ativista americano Charlie Kirk é acusado de homicídio qualificado e mais seis crimes
Tyler Robinson, acusado de matar o ativista conservador Charlie Kirk, confessou o crime durante uma troca de mensagens com o colega de quarto, segundo documentos divulgados pelas autoridades dos Estados Unidos nesta terça-feira (16). O jovem foi indiciado por homicídio qualificado e outros crimes.
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Kirk tinha 31 anos e foi baleado no pescoço enquanto participava de um evento ao ar livre na Universidade Utah Valley, em 10 de setembro. Robinson, de 22 anos, foi preso quase dois dias depois.
Nesta terça, a promotoria de Utah anunciou que Robinson estava sendo acusado de uma série de crimes e que pediria à Justiça que ele fosse condenado à pena de morte.
Horas depois, o acusado participou de sua primeira audiência judicial, realizada de forma virtual. Ele apareceu sentado diante de uma parede branca, vestindo um colete verde. Robinson apenas disse o próprio nome e se manteve em silêncio.
Um documento divulgado pelas autoridades revelou que ele trocou mensagens com um colega de quarto logo após o crime. Segundo os investigadores, Robinson enviou uma mensagem pedindo para que o parceiro encontrasse um bilhete deixado sob um teclado.
No papel, estava escrito: “Tenho a oportunidade de eliminar Charlie Kirk e vou aproveitá-la.”
Em seguida, eles começaram a trocar mensagens. Leia a seguir os trechos da conversa divulgados:
Colega de quarto: O quê????????????????? Você tá brincando, né????
Tyler Robinson: Ainda estou bem, meu amor, mas estou preso em Orem por mais um tempo. Não deve demorar até eu poder voltar para casa, mas preciso pegar meu fuzil primeiro. Para ser honesto, eu esperava guardar esse segredo até morrer de velhice. Desculpa por te envolver nisso.
Colega de quarto: Não foi você quem fez isso, né????
Tyler Robinson: Fui eu, desculpa.
Colega de quarto: Achei que tinham prendido a pessoa?
Tyler Robinson: Não, eles pegaram um cara velho maluco, depois interrogaram alguém com uma roupa parecida. Eu tinha planejado pegar meu fuzil no local onde eu o joguei, mas a maior parte daquele lado da cidade foi colocada em lockdown. Tá quieto, quase dá para sair, mas ainda tem um veículo circulando.
Colega de quarto: Por quê?
Tyler Robinson: Por que fiz isso?
Colega de quarto: É.
Tyler Robinson: Eu já não aguentava mais o ódio dele. Tem ódio que não dá para negociar. Se eu conseguir pegar meu fuzil sem ser visto, não vou deixar nenhuma evidência. Vou tentar recuperar de novo, com sorte eles já seguiram em frente. Não vi nenhuma informação dizendo que eles o encontraram.
…
Colega de quarto: Há quanto tempo você estava planejando isso?
Tyler Robinson: Um pouco mais de uma semana, eu acho. Consigo chegar perto, mas tem uma viatura estacionada bem ali. Acho que eles já revistaram aquele ponto, mas não quero arriscar.
…
Tyler Robinson: Queria ter dado a volta e pegado assim que cheguei ao carro… Tô preocupado com o que meu velho vai fazer se eu não levar o fuzil do vô de volta… Nem sei se tinha número de série, mas não ia me incriminar. Estou preocupado com digitais. Tive que deixar em um arbusto quando troquei de roupa. Não tive condição de levar comigo… Talvez tenha que abandonar lá e torcer para não acharem impressões. Como vou explicar perder o fuzil do meu velho…
Tyler Robinson: A única coisa que deixei foi o fuzil embrulhado numa toalha…
Tyler Robinson: Lembra quando eu estava gravando mensagens nas balas? As p**** das mensagens são basicamente um grande meme. Se eu ver “notices bulge uwu” [perceba o volume] na Fox News, eu vou ter um treco. Certo. Vou ter que deixar isso. É realmente uma merda...
Tyler Robinson: Julgando pelo que vi hoje diria que o fuzil do vô funciona muito bem, sei lá. Acho que aquilo era uma mira de US$ 2 mil.
…
Tyler Robinson: Apaga essa troca de mensagens.
Tyler Robinson: Meu pai quer fotos do fuzil… ele disse que o vô quer saber quem está com o quê. Os federais divulgaram uma foto do fuzil, e ele é bem único. Ele tá me ligando agora. Não vou atender.
…
Tyler Robinson: Desde que o Trump assumiu, [meu pai] virou bem fã do MAGA.
…
Tyler Robinson: Vou me entregar voluntariamente. Um dos meus vizinhos aqui é adjunto do xerife.
Tyler Robinson: Você é tudo com que me preocupo, amor.
Colega de quarto: Tô bem mais preocupado com você.
Tyler Robinson: Não fale com a imprensa, por favor. Não dê entrevistas nem faça comentários. Se algum policial te fizer perguntas, peça por um advogado e fique em silêncio.
Tyler Robinson acompanha 1ª audiência na Justiça sobre morte de Charlie Kirk
Reprodução
Atentado
A aparição de Kirk na universidade de Utah era a primeira de uma turnê que passaria por 15 instituições de ensino americanas. Antes de ser baleado, Kirk estava sentado no que ele chama de mesa “Me prove que estou errado” para responder às perguntas da plateia.
Uma gravação registrou o exato momento em que Kirk foi baleado. Nas imagens, Kirk aparece sentado em uma tenda, discursando para uma grande multidão ao ar livre, quando um barulho de tiro é ouvido. O ativista, então, tombou da cadeira. Ao perceber o ocorrido, várias pessoas correram. Veja abaixo.
VÍDEO mostra momento em que Charlie Kirk é baleado durante evento em universidade nos EUA
Segundo a universidade, Kirk foi levado ao hospital por seguranças particulares e passou por uma cirurgia. Cerca de uma hora depois, Trump confirmou a morte do ativista em uma rede social.
A presença de Kirk na universidade dividiu opiniões. Uma petição online reuniu quase 1.000 assinaturas para que ele não fosse à instituição.
Apesar disso, a universidade manteve o evento, citando a Primeira Emenda e seu "compromisso com a liberdade de expressão, a investigação intelectual e o diálogo construtivo".
Embora o motivo do ataque seja desconhecido, os EUA atravessam o período mais prolongado de violência política desde a década de 1970, segundo a Reuters. A agência documentou mais de 300 casos de atos violentos motivados politicamente desde que apoiadores de Trump atacaram o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
Mapa mostra local onde o ativista conservador Charlie Kirk foi assassinado, em Utah, nos EUA, em 10 de setembro de 2025.
arte/ g1
Quem foi Charlie Kirk?
Kirk era fundador do grupo estudantil conservador Turning Point USA e teve papel central na mobilização do apoio jovem a Trump nas campanhas presidenciais de 2016 e 2024. Seus eventos em universidades de todo o país costumavam atrair grandes multidões.
O Turning Point USA é uma organização sem fins lucrativos presente em mais de 3.500 escolas e universidades nos 50 estados americanos.
Em seus discursos, Kirk se apresentava como defensor de valores cristãos, do livre mercado e alinhado ao movimento Make America Great Again (MAGA). Ele também era defensor de armas, duvidava do aquecimento global e era crítico da esquerda.
Kirk começou a se interessar pelo conservadorismo ainda no ensino médio, quando descobriu Rush Limbaugh, considerado uma das principais vozes conservadoras do rádio. Aos 18 anos, após ser rejeitado pela Academia Militar de West Point, ele decidiu não cursar a universidade e fundou a Turning Point.
Em 2016, a Turning Point decidiu apoiar a candidatura de Donald Trump. Na época, Kirk passou a atuar como assessor pessoal de Donald Trump Jr., filho do atual presidente, integrando assim o círculo próximo da família Trump.
Após a vitória republicana nas eleições de 2016, Kirk se tornou presença constante na Casa Branca e ganhou destaque na mídia, envolvendo-se também em polêmicas. Durante a pandemia, o perfil dele no antigo Twitter foi suspenso por divulgar informações falsas sobre a Covid-19.
Em 2020, Kirk questionou o resultado das eleições que deram a vitória a Joe Biden sobre Trump. Enquanto isso, em universidades e escolas, o ativista influenciava pais e estudantes a denunciarem professores que, segundo ele, promoviam o "marxismo" e a "ideologia de gênero".
Além do ativismo, Kirk era autor de livros como "Campus Battlefield" ("Campo de batalha no campus", em tradução livre), "The MAGA Doctrine" ("A doutrina MAGA") e "The College Scam: How America’s Universities Are Bankrupting and Brainwashing Away The Future Of America’s Youth" ("A enganação da faculdade: como as universidades dos EUA estão falindo e doutrinando o futuro da juventude").
Ele também apresentava o programa de rádio The Charlie Kirk Show, transmitido nacionalmente, e mantinha um podcast de grande audiência. O público combinado de suas redes sociais ultrapassava 14 milhões de seguidores.
Charlie Kirk, ativista conservador, discursa pouco antes de ser baleado em Utah, em 10 de setembro de 2025
Tess Crowley/The Deseret News vía AP
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